sábado, 26 de março de 2022

Cinquenta Anos de Encontros

 Cinquenta Anos de Encontros

Após quatro anos de internato
Entre o convento e o instituto.
Fora da sala de aula aos quinze anos.
Por falta de recursos.
Eu queria continuar os estudos.
Mas eu não pude por falta de recursos.
Ganhava pouco como marceneiro.
Queria atravessar os oceanos como aventureiro.
Eu havia visto o cartão postal do Rio de Janeiro
Na capa de um caderno, achei maneiro
Trabalhei muito e juntei o dinheiro
Comprei a passagem.
Sobrou pouca grana e uma pequena bagagem.
Atravessei o oceano atlântico numa solitária viagem.

O navio adentrou na Baía da Guanabara.
Eu, na convés, vi no topo do Corcovado, o Cara.
De braços abertos acolhedor.
Era o Cristo Redentor.
As lindas paisagens ao meu redor.
Inspiraram esse imigrante, o andarilho porreta..
A compor os seus versos de poeta.

Ancorei no meu destino .
No Rio que tanto estimo.
A brasilidade eu assumi.
Niterói, a minha morada eu escolhi.
Com o postal mais belo do Rio, visto de Icaraí.

Aqui encontrei a minha mulher e companheira.
Conquistá-la não foi uma brincadeira.
Juras de amor pra vida inteira.
O resultado é a nossa videira.

– A você, minha mulher, companheira e meu par.
– Você é a terra, eu sou o mar.
– Eu sou o fogo, você é o ar.
– Você tem o brilho do luar.
– Eu cuido do pomar.
– Você é o pilar.
– Eu, o solar.
– Você é a Ursa Maior.
– Eu, Cruzeiro do Sul.

Juntos, cinquenta anos completos.
De realizações estamos repletos.
Filhos, noras, genro e netos.
São os nossos maiores diletos.

Nossa caminhada continua.
Em direção do sol e da lua.
Junto com minha musa, que insinua.
Que continua bela, nua e crua.

Por
Aslan M. Melikian

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